quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

"T" DE "T-SHIRT" - A HISTÓRIA DA CAMISETA



Na grande maioria das vezes, a gente usa um produto ou objeto e não pensa de onde ele veio, quem o inventou e por que!
Isso acontece porque aquela coisa costuma estar tão incorporada ao nosso cotidiano, tão habituados estamos a usá-la e vê-la, que parece que ela sempre esteve aqui, sofreu geração expontânea e ponto.
As camisetas ou T-SHIRTS (seu nome de origem), são um exemplo disso.
É difícil imaginar a vida hoje sem uma T-SHIRT. No entanto, "T-SHIRT" só se tornou uma palavra no dicionário de ingles na década de 20 e seu estilo só entrou no mundo da moda comercial na década de 1960.
Para as gerações posteriores a esse período, elas são conhecidas do dia-a-dia, roupa comum, sem novidade.
O nome em inglês T-SHIRT vem de T = o formato da SHIRT = camisa, quando visto com as mangas abertas para os lados, lembrando a letra T. Para meu idioma (português), CAMISETAS, referência a uma versão simplificada das CAMISAS.
As primeiras T-SHIRTS ou TEES (abreviado) de que se tem notícia, aparecem por volta dos anos 20, mas só se tornam verdadeiramente populares e acessíveis a qualquer mortal depois da Segunda Guerra Mundial, entre os anos de 1945/1950. Mas ainda assim, como roupa íntima, "underwear" e não como roupa externa como as conhecemos hoje.
Não se sabe ao certo quando a primeira roupa de baixo masculina foi criada, mas montanhistas encontraram nos Alpes em 1991, uma múmia congelada de 5.300 anos que usava restos do que perece ter sido uma tanga. Ou seja, a antecedente universal da cueca. Em 1352 a.C., no Egito, o jovem faraó Tutankamon foi enterrado com 149 tangas para não ficar a descoberto no paraíso. Ao longo dos tempos, mulheres e homens usaram algum tipo de roupa de baixo, feitas à mão em suas casas,  primeiramente funcionais, em conformidade com a forma natural do corpo, de tecidos resistentes e laváveis. Os tecidos e malhas de algodão em grande escala, só foram possíveis depois da invenção das máquinas de fiação hidráulicas no Século 17, a patente do descaroçador de algodão em 1793 e a invenção da máquina de costura em 1846. Isso, por sua vez, levou a produção em massa também de roupas de baixo. A Revolução Industrial acelerou no final dos anos 1800 como uma locomativa rápida e o modelo de produção em série inventado por Henry Ford para sua linha de carros, transformaram os E.U.A. no líder mundial do milagre moderno da produção massificada e roupas íntimas masculinas foram feitas por grandes fábricas em volumes recordes.


Nos dias de puritanismo Vitoriano, encerrando o Século 19, início do 20, o corpo humano era extremamente escondido pelos bisavós da camiseta. Os homens usavam os chamados "union suits" = "union" por associação aos sindicatos = "unions", o que nós conhecemos como "ceroulas", um macacão de corpo inteiro, com botões e aberturas estratégicas, que permitiam ao sujeito fazer suas necessidades sem ter que retirá-los totalmente. Chamados de "segunda pele do homem", cobriam com malha, de seus tornozelos até seus pulsos em mangas compridas para o frio e mangas curtas para o calor. Usados por todos por baixo de suas roupas de trabalho ou passeio, para absorver o suor do corpo e proteger suas roupas de cima, que não eram em tão grande quantidade nos guarda-roupas como nos dias de hoje.


À partir de 1911, começam a surgir roupas de baixo em 2 peças separadas, se tornando mais comuns nos anos seguintes, sempre buscando diminuir o número de botões e trazer mais liberdade e conforto.







Na década de 30 foi inaugurada a primeira loja de "underwear" em Chicago e a primeira versão das cuecas surge, ganhando na sequência, elástico no lugar do cós de tecido, amarrações e botões, inspiradas nos calções dos boxeadores.
Então, também do corte das "ceroulas", agora partidas em 2 peças, nasce a nossa peça em destaque:
as T-SHIRTS!    
Todas as primeiras peças tinham botões na frente, pois apenas repetiam o modelo já executado anteriormente nas fábricas.
Vários produtos e tecnologias de hoje em dia, e também as roupas de baixo masculinas, sofreram grande desenvolvimento com as duas Grandes Guerras Mundiais. Durante a Segunda Guerra Mundial, tanto o Exército quanto a Marinha Americana incluíram as T-SHIRTS em seus uniformes.
Os primeiros "shorts" ajustáveis com botões de pressão plana bem como as T-SHIRTS de mangas curtas, foram desenvolvidos para a melhor adaptação dos soldados. E posteriormente, as TEES sem manga, também usadas por baixo dos uniformes.



Com a Segunda Guerra englobando Europa e Pacífico, ocorreu uma escassez geral de matéria-prima o que dificultou o acesso das peças aos não militares. 
Mas ambos eram tão populares, que os soldados que retornavam insistiam em continuar a usá-los. Os anos pós guerra também introduziram novos materiais, como o RAYON, DACRON e NYLON DU PONT, para competir ou complementar o algodão.





CAPA REVISTA TIME - 13 DE JULHO, 1942

O maior aumento de consumo aconteceu nos anos 50. 
Até a década de 1950, as T-SHIRTS ainda eram consideradas "underwear" e usadas como roupa de trabalho por mineiros, fazendeiros, lenhadores, estivadores, mecânicos, etc. Isso começa a mudar quando os atores americanos Marlon Brando (nos filmes "A Streetcar Named Desire" - Um Bonde Chamado Desejo e "The Wild One" - O Selvagem) e James Dean (nos filmes "Rebel Without a Cause" - Rebelde sem Causa e ) chocaram a sociedade, vestindo sua "roupa de baixo" no cinema, ajudando a tornar as T-SHIRTS item padrão de vestuário, transformando as clássicas peças de "underwear" em "outwear", associadas para sempre a rebeldia e contestação.

JAMES DEAN

JAMES DEAN

JAMES DEAN

JAMES DEAN

MARLON BRANDO

MARLON BRANDO

MARLON BRANDO

MARLON BRANDO

Desde então, T-SHIRTS só se tornaram cada vez mais populares nos Estados Unidos e em todo o mundo.
Avanços na serigrafia em 1960, deram as pessoas a oportunidade de imprimir em T-SHIRTS.
O tingimento também se tornou popular, além de outros formatos, como "tops" e regatas diferentes.
Viraram então uma tela em branco, bandeira para os hippies com seu psicodelismo, mensagens pacifistas: "Faça Amor, Não Faça Guerra" e tornaram-se unissex. As mulheres aderiram totalmente ao uso de camisetas, principalmente as jovens. Nos anos 70, as TEES continuaram dando suporte aos meios de comunicação, carregando desde símbolos de marcas de refrigerante até propagandas políticas. As pessoas começaram a perceber que a estampa localizada em T-SHIRTS poderia ser um negócio lucrativo. Profissionais de Rock e equipes esportivas começaram a obter grandes lucros vendendo T-SHIRTS personalizadas. 
Nos 80, década dos yuppies, do individual, do consumo, ostentação de jovens de dinheiro e poder, as TEES traziam símbolos das grandes marcas de moda.
Nos 90, junto com o movimento grunge, se popularizaram definitivamente. Qualquer um passa a usar, independente de cor, raça, classe social, ideologia, idade.
Hoje, as T-SHIRTS tornaram-se pilares da moda.
No Séc.21, já não existem mais regras. São totalmente democráticas e servem a todos os gostos, finalidades e situações. A customização é palavra chave. Quanto mais diferente melhor.
São produzidas nos mais diferentes materiais: algodão, algodão orgânico, garrafas PET, cânhamo, fibra de bambu, viscolycra...
As T-SHIRTS são a peça de roupa mais popular e democrática do planeta!
Elas que vieram para ficar por baixo, deram a volta por cima e hoje são fundamentais em qualquer look, seja de dia ou de noite, sendo um coringa no armário.
Personalidades e celebridades tem aumentado a popularidade das T-SHIRTS, passando a usá-las como uma forma de comunicação com o público e referência de estilo.
Por serem confortáveis, simples, bem resolvidas, divertidas, gostosas e acessíveis, já se tornaram um clássico da cultura mundial.
Vida longa para as T-SHIRTS!


DICAS:

Fã que é fã mesmo sempre tem no mínimo uma camiseta de sua banda do coração… Tanto que os grupos musicais bem sabem da importância delas: são uma forma extra de ganhar uma graninha (não muito, porque depois todo mundo copia), super promovem o grupo e, ainda, criam aquele clima de identificação entre os admiradores. E é por isso que o livro “The Art of the Band T-shirt”, de Amber Easby e Henry Oliver, é tão legal. São cerca de 200 imagens das mais importantes, influentes, simbólicas e irônicas camisetas de banda da história. Tem fotos de “tees” do Led Zeppelin, Ramones, Madonna, Morrissey, Public Enemy, Flaming Lips… Todas com pequenos textos sobre o contexto histórico das peças, fatos curiosos e até comentários dos próprios artistas sobre o design delas.


Livro da Taschen, "Vintage T-Shirts" traz 392 páginas sobre a história e importância da mais básica das peças. Com ele, dá para levar pra casa 650 fotos das camisetas emblemáticas da cultura pop, permeadas por bons textos sobre a história delas. As camisetas se tornaram meio de expressão e individualismo na década de 70: os gostos musicais, as opiniões políticas, o programa de TV ou filme favorito, o último destino de suas férias… Tudo está estampado nelas. As camisetas do livro foram selecionadas da coleção de Patrick and Marc Guetta, proprietários da “World of Vintage T-Shirts”, famosa loja da Avenida Melrose, em Los Angeles, por ser a fonte de camisetas vintage para produtores de moda, estilistas, celebridades e turistas em Hollywood.

DOCUMENTÁRIO SOBRE A HISTÓRIA DAS T-SHIRTS!


Através das camisetas as pessoas podem comunicar um pouco do que sentem, pensam e gostam.
Na questão cultural, a peça teve passagens importantes na sociedade, um cenário que serviu de inspiração para o documentário "T-SHIRT STORIES - COTTON, ART & FUN", que investiga a trajetória, influência e os significados das tão populares camisetas.
O filme foi dirigido pelos jornalistas franceses Dimitri Pailhe e Julien Potart, e aborda entrevistas com gente criativa e apaixonada pelas camisetas, como o fundador da American Apparel, Dov Charney, o ex-vocalista do Sex Pistols, Johnny Rotten, o skatista Tony Alva e até o cantor brasileiro Supla dá algumas palavrinhas.
O documentário foi produzido especialmente para o Canal+, foi ao ar no dia 29 de junho de 2011, mas um DVD com o filme já foi lançado ou resta esperar até o documentário estar disponível na internet.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DIZ AÍ, QUE A GENTE QUER TE OUVIR!?!